A Cavidade Nasal
O nariz é um órgão olfactivo e respiratório. Consiste no esqueleto nasal, que abriga a cavidade nasal. A cavidade nasal tem quatro funções:
- Aquece e humidifica o ar inspirado.
- Retira e aprisiona agentes patogénicos e partículas do ar inspirado.
- Responsável pelo olfacto.
- Drena e limpa os seios paranasais e os canais lacrimais.
Neste artigo, analisaremos a anatomia da cavidade nasal – as suas divisões, estrutura e fornecimento neurovascular.
Divisões
A cavidade nasal é a parte mais superior do tracto respiratório. Estende-se desde o vestíbulo do nariz até à nasofaringe, e tem três divisões:
- Vestíbulo – a área que envolve a abertura externa anterior à cavidade nasal.
- Região respiratória – forrada por um epitélio ciliado, intercalado por células da taça secretora de muco.
- li> Região olfativa – localizada no ápice da cavidade nasal. É revestida por células olfactivas com receptores olfactivos.
Nasal Conchae
Projecção para fora das paredes laterais da cavidade nasal são prateleiras curvadas de osso. São chamadas conchas (ou turbinados). São três conchas – inferior, média e superior.
Projectam-se para dentro da cavidade nasal, criando quatro vias para o ar fluir. Estas vias são chamadas meatuses:
- meatus inferior – entre a concha inferior e o chão da cavidade nasal.
- meatus médio – entre a concha inferior e média.
- meatus superior – entre a concha média e superior.
- Recesso esfeno-etmoidal – superior e posterior à concha superior.
A função da concha é aumentar a área da superfície da cavidade nasal – isto aumenta a quantidade de ar inspirado que pode entrar em contacto com as paredes da cavidade. Também perturbam o fluxo rápido e laminar do ar, tornando-o lento e turbulento. O ar passa mais tempo na cavidade nasal, de modo a poder ser humidificado.
Abertura na Cavidade Nasal
Uma das funções do nariz é drenar uma variedade de estruturas. Assim, existem muitas aberturas para a cavidade nasal, através das quais ocorre a drenagem.
Os seios paranasais drenam para a cavidade nasal. Os seios nasais frontal, maxilar e anterior emoidal abrem-se para o meato médio. A localização desta abertura é marcada pelo hiato semilunar, uma ranhura em forma de crescente nas paredes laterais da cavidade nasal.
Os seios paranasais etmoidais médios esvaziam-se numa estrutura chamada bula etmoidal. Esta é uma protuberância na parede lateral formada pelo próprio seio etmoidal médio. Os seios etmoidais posteriores abrem-se ao nível do meato superior.
A única estrutura que não se esvazia nas paredes laterais da cavidade nasal é o seio esfenoidal. Ele drena para o telhado posterior.
Além dos seios paranasais, outras estruturas abrem para a cavidade nasal:
- Conduta Nasolacrimal – actua para drenar as lágrimas do olho. Abre-se para o meato inferior.
- Tubo auditivo (Eustáquio) – abre-se para a nasofaringe ao nível do meato inferior. Permite que o ouvido médio se iguale à pressão atmosférica.
Pertinência Clínica: Propagação da infecção
Como o tubo auditivo liga o ouvido médio e o tracto respiratório superior, é um caminho pelo qual a infecção se pode propagar do tracto respiratório superior até ao ouvido. A infecção da tuba auditiva causa inchaço dos revestimentos mucosos, e a tuba fica bloqueada. Isto resulta numa diminuição da audição.
Vias para a Cavidade Nasal
Como também as aberturas para a drenagem de estruturas, nervos, vasculatura e linfáticos precisam de poder aceder à cavidade nasal.
A placa cribriforme faz parte do osso etmoidal. Ela forma uma porção do telhado da cavidade nasal. Contém perfurações muito pequenas, permitindo a entrada e saída de fibras do nervo olfactivo,
Ao nível do meato superior, localiza-se o forame esfenopalatino. Este orifício permite a comunicação entre a cavidade nasal e a fossa pterigopalatina. A artéria esfenopalatina, a nasopalatina e os nervos nasais superiores passam por aqui,
O canal incisivo é uma via entre a cavidade nasal e a fossa incisiva da cavidade oral. Transmite o nervo nasopalatino e a artéria palatina superior.
Vasculatura
O nariz tem um fornecimento vascular muito rico – isto permite-lhe alterar eficazmente a humidade e a temperatura do ar inspirado. O nariz recebe sangue tanto da artéria carótida interna como da externa:
Ramos carótidos internos:
- Artéria etmoidal interna
- Artéria etmoidal superior
As artérias etmoidais são ramos da artéria oftálmica. Descem para a cavidade nasal através da placa cribriforme
Rodas carótidas externas:
- Artéria esfenopalatina
- Artéria palatina superior
- Artéria labial superior
- Artérias nasais laterais
Além do rico fornecimento de sangue, estas artérias formam anastomoses umas com as outras. Isto é particularmente predominante na porção anterior do nariz .
As veias do nariz tendem a seguir as artérias. Elas drenam para o plexo pterigóides, veia facial ou seio cavernoso.
Em alguns indivíduos, algumas veias nasais unem-se ao seio sagital (um seio venoso dural). Isto representa uma via potencial através da qual a infecção se pode propagar do nariz para a cavidade craniana.
Pertinência Clínica: Epistaxis
Epistaxis é o termo médico para uma hemorragia nasal. Devido ao rico fornecimento de sangue do nariz, esta é uma ocorrência comum. É mais provável que ocorra no terço anterior da cavidade nasal – esta área é conhecida como área Kiesselbach.
A causa pode ser local (como trauma), ou sistémica (como hipertensão).
Innervação
A inervação do nariz pode ser funcionalmente dividida em inervação especial e geral.
Special inervação sensorial refere-se à capacidade do nariz de cheirar. Isto é levado a cabo pelos nervos olfativos. O bolbo olfactivo, parte do cérebro, encontra-se na superfície superior da placa cribriforme, acima da cavidade nasal. Ramos do nervo olfactivo percorrem a placa de cribriforme para proporcionar uma inervação sensorial especial ao nariz.
Avação sensorial geral ao septo e às paredes laterais é fornecida pelo nervo nasopalatino (ramo do nervo maxilar) e pelo nervo nasociliar (ramo do nervo oftálmico). A inervação da pele externa do nariz é fornecida pelo nervo trigémeo.
Pertinência Clínica: Fractura da placa cribriforme
Uma fractura da placa cribriforme pode ocorrer como resultado de um traumatismo nasal. É fraccionada directamente pelo trauma, ou por fragmentos do osso etmoidal.
Uma placa de cribriforme fracturada pode penetrar os revestimentos meníngeos do cérebro, causando fuga de líquido cerebro-espinhal. Expondo o cérebro ao ambiente exterior desta forma aumenta os riscos de meningite, encefalite e abcessos cerebrais.
O bolbo olfactivo encontra-se na placa cribriforme e pode ser danificado irreversivelmente pela fractura. Neste caso, o paciente pode apresentar anosmia (perda do olfacto).